Já tinha ouvido falar muito bem e muito mal à respeito de Glee. Alguns elogiavam a série e seus artistas, outros garantiam que Glee era apenas um besteirol adolescente, sem graça. Porém, somente a idéia de Glee já me agradava, pelo fato de que eu simplesmente amo música. E sabendo que a série tinha os moldes de um musical, Glee já estava na minha lista de compras antes mesmo de eu ter assistido à um único episódio. Tive a oportunidade de testar a série assistindo ao primeiro episódio gravado pela minha irmã. E, antes mesmo do episódio acabar, eu já estava ansioso pelas músicas e apresentações que eu veria na série.
Pra quem não sabe (era meu caso), Glee é o grupo de canto ou coral, das escolas, geralmente americanas e inglesas. Portanto, Glee é um seriado que mostra um desses clubes, o da escola McKinley, sendo renovado pelo então professor de espanhol Will Schuester (Matthew Morrison), que inicia as “audições” para o grupo que ele chama de “New Directions”. No início, apenas 5 alunos se interessam pelo clube, sendo Rachel Berry (Lea Michele) a mais talentosa (e competitiva), que lidera o grupo nos solos femininos. Além dela, juntam-se ao “Glee Club” por livre e espontânea vontade: Kurt Hummel (Chris Colfer), Tina Cohen-Chang (Jenna Ushkovita), Artie Abrams (Kevin McHale) e Mercedes Jones (Amber Riley). Buscando uma boa voz masculina, o professor Schuester chantageia Finn Hudson (Allan Cory Monteith), o Quarterback do time de futebol americano, que completa a primeira formação do clube de canto e se torna a voz masculina do grupo fazendo dupla com Rachel no clássico “You’re The One That I Want”, do filme Grease.
Já no final do primeiro episódio temos a primeira grande apresentação do New Directions, cantando “Don’t Stop Believin’” do Journey. A partir daí, acompanhamos esse grupo agregando mais vozes e evoluindo como cantores e como seres humanos, enfrentando dificuldades de relacionamento, problemas de insegurança, frustrações e diversos problemas da adolescência. Além disso, o grupo tem que superar os obstáculos criados geralmente por Sue Sylvester (Jane Lynch), a treinadora das cheerleaders da escola que, ao ver o clube Glee evoluindo, teme perder a exclusividade de ser a única a trazer prêmios para a escola. Além dos integrantes originais, outros alunos se juntam ao do New Directions, como Puck, Santana, Brittany, Matt, com destaques para Mike Chang (Harry Shum, Jr.), um dançarino incrivelmente bom e para Quinn Fabray (Dianna Agron), uma loira linda, capitã das cheerleaders, que tem voz suave, boa presença e é importante para a história do grupo.
Vale ressaltar a excelente atuação de Jane Lynch, que lhe rendeu inclusive o prêmio Emmy de Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Comédia. Ela consegue ser um dos personagens mais carismáticos do seriado, sendo também a mais “odiada”. Jane Lynch não parece atuar, simplesmente parece ser Sue Sylvester. Em alguns momentos tem uma atuação exagerada, como a maioria dos atores da série, o que me faz acreditar que essa é a intenção dos diretores. Chris Colfer também se destaca como ator, representando muito bem o adolescente assumidamente gay, Kurt Hummel. Decidido e seguro de si na maior parte do tempo, sabe demonstrar a fraqueza e a insegurança nas situações em que se sente inferior, com ciúmes ou decepcionado. Jayma Mays, que interpreta Emma Pillsbury, uma professora conselheira que é apaixonada por Will e tem um distúrbio sério de limpeza, também atua muito bem, principalmente nos momentos em que sua doença é mais aparente.
Quando falamos em voz, o destaque vai, sem dúvida nenhuma, para Lea Michele (Rachel), que canta como uma profissional, alcançando notas altas com muita facilidade e liderando muito bem o grupo. Já a voz de Allan (Finn) não me agrada e, na minha opinião, é uma das mais comuns do grupo, sem nada que o coloque entre os destaques.
O roteiro de Glee é algo curioso. Acredito que, para fazer um musical, o roteiro deve buscar deixas para a inclusão das apresentações. Como as músicas não são “originais”, ou seja, escritas para o seriado, o roteiro fica um pouco artificial e, muitas vezes dramático demais. De qualquer forma, o tom de comédia mesmo nas situações mais dramáticas suaviza essa melancolia. Chama a atenção a quantidade de cenas rápidas usadas para desmentir afirmativas dos personagens. Um exemplo engraçado disso é quando Emma diz à uma aluna que nunca chorou por um amor. Na cena seguinte, de poucos segundos, Emma aparece chorando e cantando desesperadamente a música “All By Myself”. Em um certo momento, Rachel decide cantar e chama o pianista, que aparece do nada e ela justifica “Ele está sempre por aí”. Essas e outras cenas, conferem ao seriado um tom de comédia exagerada, escrachada.
O setlist do seriado agrada a todos os gostos com músicas pop, rock, blues, funk, black, músicas novas, antigas, lentas, rápidas e episódios dedicados à artistas como Madonna e Lady Gaga. Fica difícil escolher a melhor apresentação, já que, segundo este artigo no Wikipedia, são mais de 130 músicas durante a primeira temporada. Irei destacar ao final do post algumas apresentações, e deixar o link para assistirem no You Tube.
Glee é um bom seriado que mistura comédia e música de forma muito competente, com um ótimo elenco e uma setlist repleta de sucessos. Aqueles que criticam Glee, provavelmente não gostam de musicais ou não pararam para assistir o seriado sem preconceito. Realmente a história em si é comum, sem mistérios, reviravoltas ou conspirações inteligentes. Mas é um ótimo seriado para quem quer ouvir boa música, dar boas risadas e relaxar.
Cliquem para assistir as apresentações:
Thiago Barrionuevo
da nossa pátria amada, chamada Brasil!!!
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