Sempre gostei de trabalhar. Sério! Sou novo, mas acredito que tenho uma boa experiência em ambientes corporativos. Tive pelo menos 8 superiores, entre gerentes e coordenadores. Trabalhei em 2 grandes empresas multinacionais e 2 grandes nacionais, além de algumas escolas de inglês. Não vi de tudo, mas já vi muita coisa…
Logo no início, ainda estagiário, meu primeiro gerente fazia questão de ter 1 hora de almoço. Quando almoçávamos mais rápido do que isso, ele lia um livro, navegava na internet, mostrava as fotos da família ou até dormia durante o tempo que restava. Ele dizia que era nosso direito e nos faria bem. Dava conselhos profissionais e pessoais, falava da esposa, das viagens. Dei sorte!
Mas achei que todos seriam como ele…
Quando entrei na área de compras, tinha um gerente alemão. Extremamente pontual e frio. Conversas sobre trabalho, pouco envolvimento pessoal. Era justo, porém. Não exigia que ninguém trabalhasse além do horário apenas porque ele achava que era assim que deveria ser feito, porque assim era bonito ou porque isso mostraria comprometimento. Cobrava apenas resultados!
E assim foi com mais alguns. Inteligentes, exigentes e justos.
Já conheci também aquele que exigia cada vez mais, o que é bom pro desenvolvimento como profissional. Mas tinha um grande problema: Exigia que o trabalho fosse prioridade SEMPRE. Exigia que a família ficasse em segundo plano. Não pensava nos funcionários como pessoas, como pais, mães, maridos, filhos… Eram apenas funcionários que deveriam cumprir seu papel de ser o melhor, o mais comprometido, o que mais trabalha, o que mais merece…
Também conheci aqueles que se preocupam com a vida pessoal. Tornam-se quase amigos, querem saber da sua vida, demonstram interesse e compreensão. E a partir daí, começam a misturar as coisas… Criticam decisões da sua vida pessoal, fazem brincadeiras sobre a vida pessoal durante uma reunião, confundem atitudes tomadas fora da empresa com o comportamento que deve manter dentro dela.
Esse pouco que vivi no mundo corporativo me fez perceber uma coisa: Não é só o dinheiro ou o reconhecimento profissional que mantém uma pessoa motivada e feliz. Isso ajuda, mas imagine você: um profissional reconhecido e com dinheiro, mas sozinho ou sem tempo para a família e amigos. Com a esposa e os filhos em casa, reclamando que você não dá atenção, que não fica em casa. E você acaba percebendo, mais cedo ou mais tarde, que a culpa disso é do seu trabalho.
Ah, mas além de ser reconhecido e bem remunerado, você tem um líder dos bons, que exige e cobra resultados, mas também entende que você tem outros papéis na sociedade (quase utópico, né?). Você então muda. Trabalha, dá resultados, sai no horário e… trânsito! Horas e mais horas do dia perdidas dentro do carro, sozinho, olhando prédios, poluição, carros e mais carros. Motos nos corredores, caminhões e ônibus invadindo sua faixa, acidentes… Você até chega mais cedo em casa. Mas muito estressado. Irritado, lembrando da fechada que levou, do motoqueiro batendo no seu retrovisor e xingando os políticos que nada fazem para melhorar a cidade. Briga com a esposa, mãe, irmã, filhos e vai dormir cansado porque no dia seguinte tem rodízio e, por isso, precisa chegar mais cedo ao trabalho.
Pensando nisso tudo, percebo que tomei uma ótima decisão quando resolvi me mudar para o interior. E, melhor ainda, foi quando recebi uma proposta de trabalho na região. Ando 5 minutos para ir almoçar, olhando um belo gramado, um lago, capivaras, pássaros, céu azul e ar limpo. Ao fim do expediente, saio e em 15 minutos estou em casa, sem trânsito, sem estresse. Chego ainda com o sol lá no alto. Tenho tempo para correr, fazer exercícios, tomar um banho e curtir minha esposa e minha casa, com o sol se pondo.
Não posso dizer ainda com certeza qual é o tipo de gerente que tenho. Independente disso, de uma coisa eu tenho certeza:
Hoje, eu tenho qualidade de vida e não troco isso por nada!
Caminho sem trânsito
Visual no estacionamento
Capivaras livres por todo o terreno da empresa
Thiago Barrionuevo
da nossa pátria amada, chamada Brasil!!